sábado, 12 de março de 2011

Paris, s'il vous plaît


Como todo jovem "neuroticamente saudávell " dos anos 90, ela também ansiava por novas aventuras e desejava ganhar o mundo no mais autèntico estilo mochila nas costas. Sonhava com os inúmeros prazeres que acreditava existir no "velho continente".
E foi assim que, numa bela e clara manhã de verão, ela conheceu a irradiante PARIS.
Ahhh...que encantamento!!

                                          http://www.paris.fr/

Era como se o levado Eros tivesse atirado, com muita força, o estoque inteiro das suas (perigosas) flechinhas à ponto de atingir toda a extensão do seu corpo; pois não era apenas o seu coração que estava acelerado. A sua alma e o seu corpo estavam contaminados de paixão. Da planta dos seus delicados pés, que sentiam a relva ainda úmida com o sereno que caiu da noite, até os seus longos e cacheados fios de cabelos que se moviam junto à suave brisa matinal.

Eros & Psique
                                                   http://www.louvre.fr/llv/commun/home.jsp


                                                         
Tudo aquilo que ela estava sentindo não era uma ardente paixão, não era uma excitação passageira. Era o mais puro e verdadeiro amor. E, daquele momento em diante, ela descobriu o que significa "amor incondicional". Sentiu-se totalmente seduzida não apenas pelo belo que lhe saltava aos olhos à todo instante, como também pelos segredos obscuros que habitavam o submundo, como uma espécie de Quasímodo à espera de uma nova vida.

Notre Dame
                                                    http://www.cathedraledeparis.com/

Passado o impacto do primeiro momento que a havia deixado em transe, era chegada a hora de desbravar cada metro quadrado daquele precioso território. E, foi assim, totalmente despudorada, seguindo apenas os seus instintos e em muitos momentos se sentindo puro ID (sem freios, sem limites) que ela vagou e divagou por horas a fio.


À medida em que ia explorando os charmosos "boulevard","quartier","rue", "avenue"," ela percebia que estava fazendo uso dos seus preciosos cinco sentidos de forma desmedida; tão intensamente que poderia provocar um colapso nas suas conexões sinápticas. Eram muitas informações.




Foi nesse contexto que ela conheceu uma garotinha passeando com a sua mãe e que , aos onze anos de idade, acabara de descobrir a magia dos cosméticos franceses. Ela estava absolutamente encantada e encantadora.


A linda Mariana


Assim é Paris!
E tal qual uma criança curiosa que explora tudo à sua volta, ela desejava manipular, cheirar, degustar, ouvir, sentir a textura, um pouco que fosse, de tudo o que via.


Sabia que estava diante de belíssimas construções que sobreviveram à muitas ameaças; era a história de um povo se materializando na frente dela.
Aqueles museus abrigavam preciosidades incalculáveis, tanto no valor financeiro e histórico, quanto em rara beleza; de forma que chegavam à provocar, em algumas pessoas, uma éspecie de transtorno chamado Síndrome de Stendhal. Mas nela provocava puro deleite.

Auto retrato - Van Gogh
                                                http://www.musee-orsay.fr/

As igrejas...meu Deus do céu!! A impressão dela era a de que as mãos daqueles que as erguerram, tão lindamente, eram mãos sagradas. Assim como, igualmente belo e sagrado era a atmosfera dos cemitérios. Local onde se encontram sepultados alguns corpos que foram habitados por almas com percepções diferenciadas daquelas dos "simples mortais". Alí, ela tocava o concreto e sentia o abstrato. Sentia a poesia!


Cimetière du Père Lachaise


http://pt.wikipedia.org/wiki/Cimeti%C3%A8re_du_P%C3%A8re_Lachaise

Tudo naquela cidade era intenso. Mesmo se ela permanecesse com os olhos fechados ela sentiria toda a beleza daquele lugar. E, naquele momento, ela se lembrou de um poema de Cazuza :

"Olhar o mundo
 Com a coragem do cego
 Ler da tua boca as palavras
 Com a atenção do surdo
 Falar com os olhos e as mãos
 Como fazem os mudos"


E era mais ou menos assim que ela se encontrava. Aguçando os seus sentidos para interagir de todas as formas possíveis. Percebeu, então, que era humanamente impossível não se comunicar com aquele deslumbrante cenário vivo.
Ao se deitar, no silêncio da noite a sua memória auditiva lhe presenteava com a melodia de belas canções francesas e adormecia ouvindo Piaf  "cantarolando"  por todos os lados: "A Quoi Ça Sert L'amour?"




Os seus dias por lá foram marcados por cheiros diversos, afinal ela estava inspirando o ar do lugar que possui os mais variados e famosos aromas do planeta! São perfumes que satisfazem o cerébro em todos os níveis: da simples lavanda que perfuma os lençóis limpos até a mais requintada fragância que se fixa na pele e torna a mulher ainda mais sedutora.

Museu do Perfume - Fragonard

                                                 http://www.fragonard.com/

Mas o aroma francês vai muito além dos belos frascos, ele aguça o apetite de todos os que desejam (e merecem) um grande brinde.
Ela queria experimentar um pouco de tudo (ou muito de tudo!): dos pastis,vinhos, champagnes...queijos, geléias, macarons, croissants...até a mais "básica" baguette.
Ela sabia que estava diante do "melhor". Aquelas pessoas produzem pratos que variam de singelas e adoráveis sobremesas até o mais exótico e peculiar escargot. Portanto, nada mais justo do que a classificação como a culinária mais famosa do mundo!!



Mesmo com apenas vinte e poucos anos ela pôde constatar que restaurantes do tipo fast food não combinavam com aquele lugar.
Uma refeição em Paris é comparável à um espetacular ato de amor, que deve ser realizado lento e cuidadosamente, valorizando cada ingrediente presente. Pratos que merecem ser degustados com os olhos, com as mãos, com a boca, com a língua e principalmente com a alma.



Foi então que, enquanto caminhava às margens do Sena, ela se deu conta de que Paris não era para ser simplesmente visitada.
Paris existe para ser calmamente vivida, pois exige que o seu "desbravador" tenha todos os seus sentidos em pleno funcionamento, que ele seja paciente e gentilmente atrevido para desnudar inúmeros dos encantos que ficam camuflados.
Ela comparou aquela cidade à uma mulher. Uma bela e sedutora mulher, que possui uma beleza explícita, encantadora, mas com uma boa dose de recato, de reservas; e que só expõe àqueles qua a conquista.  Afinal, Paris exala vida, e da forma mais elegante possível.

Rio Sena

E assim, a nossa heroina voltou para casa trazendo, em sua mochila, um pouco da angústia existencialista típica dos franceses e o grande desejo de um dia poder viver (em) Paris!!

Champs Elysses

                                             http://www.champselysees.org/



“II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente”
 ( "Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta" )
                               Camille Claudel        


19 Quai de Bourbon - Paris


 O Pensador - Rodin
            
                                                         http://www.musee-rodin.fr/


   
Bon voyage!!











2 comentários:

  1. clap clap clap clap... Uma salva de palmas pra você e esse texto, que na minha mais singela opinião, é o mais lindo e delicado de todos que já li até aqui. ~.~

    Me indentifiquei com a garotinha... a mochila nas costas, rs e sua excitação ao visitar pela primeira vez aquele país, e ver de perto suas costruções museus e tantas outras novidades pra degustar e apreciar na cidade!
    Ah! Que delicia de texto!
    Viajei na viagem. rs

    Fui flechada pelo cupido certo! * amor pelos roteiros - cupido safado**. rs

    Beijos desanuviosos ;-)

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  2. Amiga...
    Obrigada pela salva de palmas, mas sei que elas não são para mim..são para PARIS!!!
    Essa cidade é absurdamente encantadora, inspiradora em todos os níveis.
    O desejo que tenho é simplesmente de chegar lá e "sem querer", ir ficando, ficando...
    Beijinhos com saudades.

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