Primavera na Europa. Belo domingo de céu azul e temperatura amena. Lá se foi ela rumo à maior praça de touros da Europa, com capacidade para quase 25 mil pessoas, a Plaza de Toros de Las Ventas, em Madrid (http://www.las-ventas.com/ ),curiosa para assistir ao espetáculo que fielmente representa a força e determinação da alma espanhola e, que, também é o que mais provoca polêmicas: a tourada.
Ela quis chegar cedo para aproveitar todos os detalhes. Comprou ingresso e foi circular pelos arredores da imponente Plaza de Toros. Era grande a movimentação de ambulantes e turistas; os madrileños, idosos na sua maioria, lotavam aquele espaço e defendiam as touradas com um argumento praticamente imbatível: a tradição.
Na Espanha existem mais de 600 praças de touros, ou seja, toda cidade espanhola que se preza tem tourada. A Plaza de Toros la Maestranza, em Sevilla, foi construída no Séc. XVIII, tem fachada barroca e abriga o Museo de la Real Plaza de Toros (https://www.plazadetorosdelamaestranza.com/).
A Plaza de Toros Monumental de Barcelona , construída em 1914 em estilo bizantino conserva peças raras e cabeças de célebres touros no Museo Taurino de Barcelona (http://www.torosbarcelona.com/).
La Plaza de Toros de Ronda foi inaugurada em 1785 e mantém o Museo de La Tauromaquia com um acervo de peças que permite ao visitante uma viagem cronológica pela história da tradição taurina na Espanha.(http://www.rmcr.org/
Ela sabia que estava diante de um templo sagrado para os espanhóis, local de grandes confrontos onde o touro e o homem estão frequentemente trocando de papéis; num dia belo..num outro fera.
Ela, muito curiosa, logo "puxou papo" com um simpático senhor nativo que prontamente se dispôs a fazer uma minuciosa explanação a cerca da história das touradas. Segundo ele, as touradas surgiram na ilha de Creta, no Séc.XVI a.C e na Espanha tudo começou por volta do Séc.III d.C.
A Espanha vê as touradas como uma arte, e a mesma encontrou espaço nos livros do Ernest Hemingway, nas telas de Picasso e de Goya, na ópera Carmen, de Bizet.
O filósofo José Ortega y Gasset defendia as touradas como parte da cultura nacional espanhola. Muitos espanhóis afirmam que o maior toureiro de todos os tempos foi o Manuel Rodriguez, o Manolete, que foi morto por um touro em 1947.
Os touros são considerados pelos toureiros como um animal nobre, são amados e respeitados. São criados em fazendas que se dedicam só a isso, são geneticamente selecionados, da raça Miura e devem ser fortes, bravos e selvagens.
Finalizando aquele momento de socialização, o seu novo amigo a levou para ver os "astros" de perto. Ela viu, então, o toureiro Domingo Valderrama dando entrevista e quase babou ao ver o luxo das suas roupas. Um deslumbre!! Era tanto brilho que deixaria qualquer emergente com tendências à Vera Loyola morrendo de inveja...
Bem, era hora dela ir procurar o seu assento, despediu-se do seu amigo-anfitrião e já acomodada pôde ver a beleza daquele lugar; pôde sentir toda a atmosfera teatral e perceber a grandiosidade do que estava por vir.
A cena era essa: Plaza de Toros lotada. Platéia excitada, munida de lenços brancos para usar no momento certo. Toureiros impecavelmentes vestidos com suas ricas roupas bordadas com fios de ouro, traje de gala, em honra ao bravíssimo e respeitado adversário: o touro!
Não havia torcida rival, todos desejam um belo espetáculo!
A mocinha ainda não havia "entrado no clima" até que teve uma visão sublime: os toureiros percorrendo a arena, esbanjando elegância e sensualidade, se assemelhavam à dançarinos, com os seus corpos esguios e musculosos, em nada pareciam aos frios e insensíveis matadores. E o duelo começou!
Um toureiro, bailando com a sua capa vermelha e amarela, provocava a fúria do bravo touro que já bufava à espera do ataque.Aos poucos ela passa a sentir a sua respiração mais intensa, a sua pulsação mais acelerada e diante daquele show de movimentos elegantes e firmes, sensuais e mortais, tudo o que ela queria era gritar um forte OLÉ !!!
À medida em que o toureiro dasafiava, toda a platéia ovacionava. Quando o touro mostrava a sua fúria, o público vibrava. Era uma festa!!
E o duelo seguia...toureiro provocava - touro avançava - toureiro espetava - público gemia...
A platéia exerce a função de um juiz; é ela quem avalia se o toureiro é merecedor do maior troféu: as orelhas do touro. O bom toureiro é aquele que conquista os lenços brancos de toda a Plaza, e isso só é possível se ele "oferecer" uma morte rápida e honrada ao seu bravo rival.
Naquele dia o toureiro Domingo Valderrama conquistou duas orelhas do valente touro.
No fim do espetáculo a mocinha, agitando um improvisado guardanapo branco, se sentia mais emocionada do que havia previsto. Com o coração disparado e o estômago revirado, ela saiu de lá carregando imagens de cenas fortes. Tudo o que ela precisava era de uma taça de um bom vinho e unas tapas para poder elaborar uma leitura antropológica daquela inesquecível tarde de domingo.
Por falar em comidinhas e bebidinhas, é sempre bom lembrar que o endereço do restaurante mais antigo do mundo é em Madrid. O Botín, inaugurado em 1725, é um lugar com ótima gastronomia e recheado de histórias. Local citado pelo Hemingway em uma das suas obras. Uma boa pedida para terminar o dia (ou começar a noite).(http://www.botin.es/web/index.php)
Buen Provecho!!
Buen Viaje!!!
Mas esse blog tá muito bem visitado, frô!
ResponderExcluirContinua uma delicia vir aqui pra desanuviar!
bjim ;)
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ResponderExcluirEntre um ônibus e um avião, uma parada e uma leitura, digo, releitura do seu "blog". Enquanto isso, EU e um gato pidão no saguão do aeroporto(dizem que ele já é conhecido por aqui)querendo as migalhas de meu pão de queijo, espero a chamada de meu vôo. Se o sono não bater, outros tantos ainda vou lêr.
ResponderExcluirQuando sai o próximo moça???
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